Uma carruagem cerimonial da Roma Antiga foi descoberta em uma escavação no Parque Arqueológico de Pompeia, no sul da Itália. Os profissionais do local conseguiram retirar a carruagem praticamente intacta das pedras, com as quatro rodas, a estrutura de ferro, os adornos de bronze e estanho, restos de madeira mineralizada e até marcas de materiais orgânicos como cordas e decorações florais.
A descoberta é resultado da escavação da vila suburbana chamada de Civita Giuliana, ao norte das muralhas de Pompeia, onde foi descoberto, em 2018, um pórtico quase intacto em frente a um estábulo onde, à época, os arqueólogos identificaram três cavalos, um deles, ainda com seu arreio. “É uma descoberta extraordinária para o avanço do nosso conhecimento sobre o mundo antigo”, declarou Massimo Osanna, diretor do Parque Arqueológico. “Em Pompeia foram encontrados no passado veículos usados para transporte (...), mas nada como a carruagem.”
Em 79 d.C., a erupção do vulcão Vesúvio causou a extinção da população da lendária cidade, que fica próxima de Nápoles, e a transformou em uma espécie de santuário para arqueólogos e historiadores italianos.
Achado único
O veículo a tração animal “representa um achado único - até agora sem paralelo na Itália - em excelente estado de conservação”, segundo texto divulgado pelo Parque Arqueológico.
A relíquia foi encontrada com a ajuda do Ministério Público da cidade de Torre Annunziata, que tem acompanhado as escavações para encontrar túneis clandestinos usados por traficantes de relíquias que operam nos mais de 20 hectares que estão sob os restos da explosão vulcânica.
As operações conjuntas entre arqueólogos e representantes do Ministério Público começaram em 2017 e visam “combater as atividades ilegais que vinham sendo desenvolvidas na área”.
Enquanto revelam os caminhos pelos quais os criminosos saqueiam parte das relíquias históricas, as operações também têm a finalidade de identificar novas descobertas e fazer a preservação do sítio.
“Atuam na região uma equipe interdisciplinar composta por arqueólogos, arquitetos, engenheiros, restauradores, vulcanólogos e operários especializados, mas também, à medida que as escavações avançavam, arqueobotânicos e antropólogos”, disse o comunicado.
Os historiadores avaliam que a carruagem era o que os habitantes da época chamavam de Pilentum, um carro cerimonial que não era utilizado para o uso diário ou para o transporte agrícola, mas para acompanhar festas, desfiles e procissões da comunidade. O carro foi achado debaixo de um pórtico de dois níveis, que se abre para um pátio descoberto.
O primeiro indício do veículo foi encontrado no dia 7 de janeiro, quando os pesquisadores identificaram um objeto de ferro, “cuja forma sugeria a presença de um artefato de tamanho significativo enterrado”. O carro foi encontrado sob a cobertura de material vulcânico que inundou o pórtico”.
O instituto que zela pela preservação do sítio disse ainda que a carruagem foi “milagrosamente poupada, tanto pelo colapso das paredes e do teto da sala quanto pelas atividades ilegais, com túneis que passam pelos dois lados, mas que não comprometeram a estrutura”.
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