Em manifesto, seis entidades são contra proibição da prefeitura
Entidades que representam 85% dos blocos de rua da cidade de São Paulo lançaram uma carta pública contra a decisão da prefeitura que determina que os blocos não saiam para desfilar na capital, no final de semana prolongado do feriado de Tiradentes, em 21 de abril. As escolas de samba desfilarão nesse mesmo período no Sambódromo do Anhembi.
A carta foi divulgada nesta segunda-feira (4) e é assinada pelas seguintes entidades: Associação de Bandas Carnavalescas de São Paulo (Abasp), Arrastão dos Blocos, Comissão Feminina, Fórum dos Blocos, União dos Blocos de Carnaval de Rua do Estado de São Paulo (UBCRESP) e Ocupa SP,
No manifesto intitulado Carnaval de Rua Livre com Diversidade e Democracia! Contra a Violência Policial e a Censura, as entidades defendem que não há motivos para a prefeitura e o governo estadual de São Paulo proibirem a realização de desfiles de blocos na cidade, enquanto eventos e festivais de músicas já foram liberados e estão ocorrendo na capital paulista. No texto, as entidades declaram que independente de proibição, os blocos sairão.
"Nossa festa vai tomar forma e vai acontecer nas ruas, esquinas, vielas e praças de nossa cidade como sempre aconteceu, vai florescer em celebração como sempre fez."
Segundo o documento, os blocos respeitaram o período de pandemia e ficaram em casa tanto quanto foi possível nos últimos dois anos para cumprir a responsabilidade coletiva de preservar vidas durante a pandemia de covid-19, mas nos dias atuais não há motivo para impedir a festa independente, porque o cenário sanitário parece promissor e estável, permitindo inclusive os desfiles no Sambódromo. Eles questionam ainda qual é o critério que privilegia aglomerações em espaços privados e reprime o livre encontro público:
“Não podemos aceitar qualquer violência contra o carnaval. Não podemos aceitar ameaças, censuras, punições ou castrações – físicas ou jurídicas – contra aquilo que é nosso por direito: bater nossos tambores em praça pública"
Complexidade
Por sua vez, a prefeitura de São Paulo citou a "complexidade logística" de se organizar blocos de rua. Por meio de nota, informou que todos os eventos autorizados são particulares, em áreas privadas e que os organizadores se responsabilizam pela infraestrutura, segurança e aderência aos protocolos vigentes:
“Há que se diferenciar a complexidade de organização de um bloco de rua e de uma festa particular com temática carnavalesca. Fundamental esclarecer que não há qualquer impedimento de manifestações culturais ou de livre expressão. Há, tão somente, um zelo do poder público em não manter um evento que, tradicionalmente, atrai milhões de pessoas e, justamente por isso, precisa de meses de antecedência para ser planejado por toda a sua complexidade logística de estruturas de apoio, rotas e de segurança para todos os participantes”.
A prefeitura reforçou ainda que a eventual liberação de blocos de carnaval deveria acontecer não nos moldes do manifesto apresentado pelas entidades, mas de maneira isonômica e aberta a todos os possíveis interessados, como ditam as regras da administração pública. “Tal planejamento foi prejudicado por motivos alheios à administração e que foi o foco principal do município nos últimos dois anos: o controle da pandemia”, afirmou a prefeitura.
Segundo anúncio feito em janeiro pelo prefeito Ricardo Nunes sobre o cancelamento do carnaval de rua de 2022, a decisão foi baseada em dados técnicos apresentados pela Vigilância Sanitária. “O cancelamento permanece em vigor, tanto que os próprios blocos se anteciparam e optaram pelo cancelamento. Além das medidas expostas acima, acrescentamos que não há mais tempo hábil para organizar desfiles de blocos de rua, evento que exige meses de planejamento antecipado, como é de conhecimento público”.
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