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Segundo inquérito da Polícia Civil, funcionário relatou que Sabine Boghici brigava por telefone com Rosa Stanesco Nicolau, conhecida como Mãe Valéria de Oxossi
As investigações da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) sobre um golpe de mais de R$ 724 milhões contra uma idosa, de 82 anos, mostram que a filha dela e uma vidente, ambas presas por participação no crime, planejaram a ação por pelo menos quatro meses. Em depoimento prestado na especializada pela vítima, ela contou que um funcionário da casa da família, em Itaipava, na Região Serrana, relatou que Sabine Coll Boghici conversava e discutia por telefone com Rosa Stanesco Nicolau, conhecida como Mãe Valéria de Oxossi, entre os meses de setembro e dezembro de 2019.
Na delegacia, a idosa contou que, nessa época, a filha mudou-se para Itaipava com alguns cachorros. A ela, o caseiro contou que Sabine “falava no telefone o tempo todo com uma mulher chamada Valéria e que elas brigavam muito e o dia inteiro”. Achando estranha a situação, a vítima chegou a pensar tratar-se de uma conhecida do mesmo nome, moradora de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Após o Natal daquele ano, ela voltou para a casa da mãe, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Diante do inquérito, somente agora a mulher associou o fato a Mãe Valéria de Oxossi, como é chamada a falsa vidente Rosa Stanesco Nicolau.
De acordo com o delegado Gilberto Ribeiro, titular da Deapti, em janeiro de 2020, após sair de uma agência bancária em Copacabana, a idosa foi abordada por Diana, que, apresentando-se como vidente, disse que sua filha estava doente e morreria em breve. Ela conseguiu convencê-la então e ir até seu apartamento, na Rua Barata Ribeiro, onde teria jogado búzios e confirmado o “evento trágico”. De lá, as duas partiram para o imóvel de outra vidente, no Leme, para a realização de trabalhos espirituais e a cura da filha.
Nessa residência, foi perguntado à idosa onde a filha morava e se possuía objetos de valor, o que acarretou a desconfiança da idosa, que não respondeu às indagações. Diana então disse que seria melhor que ela procurasse outra pessoa, de confiança, para salvar a vida da filha. Elas seguiram então para a casa de Rosa Stanesco Nicolau, a Mãe Valéria de Oxossi, na Rua Maria Quitéria, em Ipanema. Após jogar búzios e colocar cartas, a mulher novamente confirmou que a filha estaria com “espírito ruim” que a levaria à morte e pediu o pagamento pelo serviço.
Ao questionar as videntes sobre os valores, a idosa recebeu como resposta que ela poderia pagar o que lhe fora cobrado. A vítima contou sobre o acontecido a filha e essa lhe orientou que providenciasse imediatamente o pagamento a fim de lhe curar sobre o mal que a atingia. Acreditando nas previsões, sobretudo diante dos problemas psicológicos como depressão e síndrome do pânico que a filha sofria, concordou em efetuar transferências de mais de R$ 5 milhões.
Alguns dias após o início do tratamento espiritual, Sabine começou a isolar a mãe de pessoas com quem ela convivia regularmente, além de dispensar funcionários que prestavam serviços domésticos e a impedindo de usar os aparelhos telefônicos da residência. Quando, em fevereiro de 2020, desconfiada de que a filha agia em comum acordo com as falsas videntes envolvidas na fraude, a idosa resolveu suspender os pagamentos, sua filha passou a agredi-la e a negar comida. As medidas seriam para forçar a vítima a voltar a realizar as transferências.
O inquérito mostra que Sabine colocou por diversas vezes uma faca em seu pescoço, enquanto no viva-voz do telefone as falsas videntes a extorquiam para entregar bens em troca de supostos tratamentos espirituais. Ela teria passado a isolar a mãe de amigos e funcionários, deixando a vítima sem acesso a telefone nem alimentação e a ameaçando de morte. Segundo as investigações, além da filha pelos menos mais seis pessoas participaram do golpe aplicado na mulher. No total, quatro já foram presas e três estão foragidas.
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